Halder Gomes
UM BATE PAPO COM HALDER GOMES
A Quetzalli é apaixonada por todo tipo de arte e isso inclui,
obviamente, o cinema! Hoje, dia do Cinema Brasileiro, resolvemos bater
um papo super legal com o diretor cearense Halder Gomes.
Formado em administração e mestre de taekwondo, Halder iniciou sua carreira no cinema em 1991, quando fez suas primeiras participações como dublê de lutas em filmes de artes marciais, em Los Angeles, Califórnia. Diretor, produtor e roteirista, seus filmes já foram exibidos oficialmente em 25 países diferentes, até o momento. Halder escreveu e dirigiu o longa Cine Holliúdy, que foi o filme brasileiro com melhor média de público por sala em 2013; Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral, que “bateu” grandes produções como Dumbo e Capitã Marvel nas bilheterias cearenses em 2019 (além de virar série na Globo); Os Parças; Shaolin do Sertão; As Mães de Chico Xavier - co dirigido com Glauber Filho. Agora, ele está à frente de um novo filme: o longa Vermelho Monet, que inspirou a Quetzalli a criar um drink com o mesmo nome em homenagem ao diretor brasileiro.
Vermelho Monet conta a história de Johannes Van Almeida (Chico Diaz), um pintor tentando se encontrar artisticamente, que vai pra Portugal na tentativa de recomeçar a vida. No entanto, tudo muda quando a marchand de arte Antoinette (Maria Fernanda Cândido) e a atriz internacional em crise Florence Lizz (Samantha Heck Müller) entram em sua vida.
Com cenas em Lisboa, Paris e Londres, o filme será falado em português do Brasil, Portugal e Angola, além de conter cenas em inglês e francês. A história intimista e pessoal possui influência na paixão do diretor pela arte da pintura.
Halder e Maria Fernanda Cândido durante as gravações do longa
Confira agora um pouco da nossa conversa sobre cinema brasileiro com Halder Gomes:
Qual a importância do cinema brasileiro para a nossa sociedade?
Halder Gomes: O cinema brasileiro é registro de uma sociedade, época; é a história de um povo representado por recortes temporais que, ao lado do jornalismo - mas provido de sentimentos -, diz para as gerações seguintes quem fomos nós e para as atuais porque estamos onde estamos.
Conte um pouquinho sobre o seu novo filme.
Halder Gomes: Vermelho Monet é um drama de um pintor à beira de perder a visão e em busca da inspiração para sua obra prima definitiva; a luta de uma celebridade tentando se firmar como atriz e uma marchand de arte em busca do sucesso comercial do passado. Histórias de amor e ganâncias que se entrelaçam sob a linda Lisboa, Londres e Paris. É um filme que traz o mundo da pintura como pano de fundo da trama. Está em pós produção, tudo à distância devido a pandemia, mas avançando...Tá ficando lindo!
O diretor Halder Gomes no set de filmagem do seu novo filme, Vermelho Monet
A estreia estava prevista para 2020 e provavelmente
o cenário da pandemia de covid-19 impactou a data. Vocês já tem uma nova data ou alguma previsão de estreia?
Halder Gomes: Diante disso tudo, não temos como pensar em data. Não sabemos se voltaremos aos “pingados” ou pleno. Tudo isso impacta em novas formas de repensar mercado, etc... Não sabemos de nada por enquanto, o vírus é o “dono” do cinema no mundo hoje.
Nesse momento triste de pandemia que estamos vivendo, o cinema traz um respiro e ajuda a nossa saúde mental. Você acha que depois disso as pessoas vão entender a influência/
importância da arte em suas vidas?
Halder Gomes: As pessoas sabem, por mais escrotas que algumas possam ser. A questão é admitir. No país temos parte da população que diz que arte é essencial, e outra que consome escondido. Triste. Nesse momento, a única coisa certa é que temos profissionais de saúde salvando vidas no front, e artistas preenchendo vazios da alma na retaguarda. Como as pessoas serão depois é uma grande incógnita, mas a arte estará lá de um jeito ou de outro.
O cinema tem o superpoder de levar representatividade às telas. Você se preocupa com isso em seus filmes?
Halder Gomes: Sim, especialmente por ser eterno e, muitas vezes, atemporal. O cinema deve ter sempre sua “cota” de provocação e transgressão, independente do gênero. É muito esforço pra fazer para ter algo inócuo no final. Uma grande característica do cinema que eu faço é exatamente a representatividade. Temos o poder de ser porta voz de alguém sempre, e o cinema é uma grande platéia pra isso.
Alguns filmes dirigidos por Halder Gomes
Quais as principais dificuldades que enxerga em ter que trabalhar em nosso cenário político atual? Mudaram muito desde que começou sua carreira?
Halder Gomes: Não temos um cenário político onde há diálogo e governança para toda sociedade. Claro, diante desse cenário, as artes de forma geral são as primeiras a terem suas atividades estranguladas. Mas a arte e a cultura são maiores que tudo isso, a história cansa de mostrar. Já vivi e sobrevivi vários ciclos, como a era Collor, por exemplo. Essas oscilações e hiatos são comuns no Brasil, infelizmente. Hoje é uma questão política e pandêmica, amanhã não sabemos. Mas artistas são e serão sempre sobreviventes. Por outro lado, a crescente demanda por conteúdos em streaming abre uma possibilidade independente da boa (má) vontade política do governo atual. Hoje quase todo mundo é portador de uma tela, e isso torna o audiovisual mais poderoso do que nunca.
Você morou nos Estados Unidos e participou de filmes lá. Qual a maior diferença que você enxerga entre fazer cinema no Brasil e fazer cinema no exterior?
Halder Gomes: Fazer cinema do ponto de vista da realização é a mesma coisa em qualquer lugar do mundo. Claro, em alguns lugares de produção mais consistente existe uma maturidade técnica e logística mais avançada e capaz de receber várias produções ao mesmo tempo. Existem pequenas variações culturais - grandes orçamentárias -, mas de forma geral um set é igual em qualquer lugar; e isso é muito bacana, pois torna mais fácil o entendimento em parcerias e coproduções.
Como acha que pessoas comuns podem contribuir para o incentivo do cinema nacional?
Halder Gomes: A maior contribuição é o apreço pelo nosso cinema. Se permitir experimentar, gostar, divulgar. Diante de tantas opções de audiovisual, é colocar o nosso no cardápio, pois é orgânico, nutritivo, saudável e tem uma sustança que só o nosso tem.
Como jovens apaixonados por cinema que somos, nada mais a nossa cara do que usar filmes nacionais para dar nomes aos nossos drinks especiais.
Temos: Amarelo Manga, em homenagem ao Cláudio Assis e o Vermelho Monet, em sua homenagem. O que vc achou disso? Qual seu drink preferido, gosta de bebidas mais amargas, mais doces, cítricas?
Halder Gomes: Que honra, obrigado! Aqui no Ceará tem um restaurante bem famoso que batizou um dos seus drinks de “Voadora na pleura”; o bicho forte!:) Eu sou “culturalmente” cachaceiro. Adoro uma cachaça boa! Gosto de bebidas fortes que tenham personalidade para serem bebidas com a fumaça densa de um charuto também forte, daí poucas restam para não se perder nessa intensidade, que são: cachaça, conhaque, bourbon e scotch. O vinho, por exemplo, tem que ser de uma uva muito forte pra não se perder no sabor do tabaco. Já curti cerveja, mas hoje a ressaca não vale a pena :)
Gostou? Então que tal fazer nosso drink na sua casa para fazer um brinde na hora que for assistir a um dos filmes desse baita artista?
Drink Vermelho Monet
Ingredientes:
- 100ml de Quetzalli
- 6 morangos
- 1 colher (rasa) de chá de Geleia de pimenta
- Gelo
Modo de preparo:
Adicione na coqueteleira os morangos e macere. Em seguida, acrescente uma colher rasa de geléia de pimenta e o gelo. Bata tudo e sirva.